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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Cordel para Jorge Amado I

Filho de João e Eulália Leal
Nascente de Itabuna
Cresceu no tempo do cacau
O jovem grapiúna
Ao seu pai tentaram o mal
Em uma tocaia majestral

Na escola de D. Guilhermina
Criou um jornalzinho
Começou uma obra prima
O grande brasileirinho
"A Luneta" fez secesso
Pois foi feita com carinho

Jorge Amado grapiúna
Da Bahia é amador
No País do Carnaval
Desse povo o cantor
Primogênita a Lenita 
O precoce escritor 

Romancista literário
Escritor do sofrimento
Ao povo viu e ouviu
E escreveu o seu lamento
Compositor da liberdade
Aprimorou o conhecimento

Sua terra tem palmeiras
Como Gonçalves o cantou
Mas o ufanismo Romântico
O baiamado não primou
Com o povo ele viveu
Do povo ele falou

Obá de Xangô
No Ilé Opó Aponjá
Mãe Aninha e Menininha
No terreiro a dançar
Candomblé ou protestante
Liberdade agora e já

Do Cacau o seu Suor
Baianauta do Mar Morto
Pelas Terras do Sem Fim
A Bahia é seu porto
Capitão da liberdade
Jorge, cantor do corpo

Jorge Amado do cacau
Do olhar de Gabriela
Nos Subterrâneos da Liberdade
Vê a moça sempre bela
Com "O mar" teve elogios
E Tieta na novela

Quinca Berro d'Água
Camisola de dormir
Dona Flor e Seus Dois Maridos
Vê a noite a surgir
Gabriela, cravo e canela
Passa o dia a se despir

Fez sucesso o grapiúna
Traduzido e adaptado
Do cinema aos quadrinhos
Brasileiro aclamado
Foi o Jorge desse povo
Para sempre o Amado

No dia seis de agosto
Deixa saudade o idolatrado
A Bahia chora por ti
Sempre será lembrado
Descansa em paz, poeta vivo
Vai com Deus, poeta amado

Coautores: Fernanda Sales, Marta Maciel e Saul Santos

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Suor

     "Nos cômodos diminutos e insalubres de um velho sobrado na ladeira do Pelourinho sobrevivem seiscentas pessoas: operários, mendigos, lavadeiras, prostitutas, desempregados, anarquistas - e muitos ratos. Ali, episódios se sucedem e se interpenetram, compondo um painel coletivo em que o personagem principal é o próprio cortiço, onde se amontoam moradores e suas histórias de vida: o homem que perdeu os dois braços num acidente de trabalho; a viúva do pedreiro que caiu do andaime porque o patrão pediu pressa na obra; a tuberculosa que tosse sem parar e não tem dinheiro para o tratamento; o pai de família que, sem condições de honrar o aluguel, acabou surrando a italiana que lhe cobrava o pagamento; o violinista que não tem onde exercer seu ofício.
     A lógica do lucro preside o próprio funcionamento do sobrado: os quartos são subdivididos sucessivamente e até o pátio é alugado para retirantes acamparem ao relento. O único lugar vago é o vão da escada, onde os moradores se aliviam, acumula-se o lixo e o mendigo Cabaça cria um rato de estimação. Dentre as muitas personagens do sobrado, destaca-se a jovem Linda, que se envolve com o mecânico Álvaro, líder operário.
     Suor retrata o cotidiano de miséria, sujeira e promiscuidade da vida urbana de Salvador. Ali, o suor de cada um, seu trabalho e sua intimidade, é ao mesmo tempo objeto de exploração e repulsa. O caráter naturalista das descrições é acompanhado de uma tomada de consciência: num contexto opressivo, em que a exploração do outro é a regra, a única saída parece ser a inspiração revolucionária."

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